segunda-feira, 1 de abril de 2013

Companhia Mogiana - Mogi Mirim

O Brasil já teve a oportunidade de ser uma referência mundial no quesito de transporte ferroviário no século passado. Os barões do café da época não mediam esforços para alavancar seus empreendimentos pela província de São Paulo a dentro. Em meio a reuniões e assembleias definiam o futuro do ouro verde através da expansão dos terminais férreos espalhados por diversas cidades ao redor de Campinas. Em 1873 foi lançada a pedra fundamental  que definiu o rumo do progresso cafeeiro, juntamente com a economia e o transporte elitizado da época, o trem.  Estrategicamente  o desbravamento férreo iniciou com a instituição da Companhia Mogiana em Campinas, seguindo até Jaguariúna  e dando uma esticada até Mogi Mirim,  com direito até mesmo da presença do imperador D. Pedro II para inaugurar o grande empreendimento. E por fala nisso, o nosso imperador ficou hospedado numa pousada ao lado da igreja matriz de São José, a foto que mostra exatamente o local da pousada encontra-se numa sorveteria muito tradicional no centro de Mogi Mirim. E para os mais curiosos a banheira em que o imperador se banhou encontra-se no museu da cidade.
Mas voltando a companhia mogiana... muitos outros ramais foram sendo inaugurados na região: Amparo, Casa Branca, Franca, Ribeirão Preto, Poços de Caldas e sul de Minas Gerais. As linhas férreas tinham uma única e exclusiva motivação: beneficiar os barões do café.
Mas juntamente com essas exclusividades vinham também o progresso, mesmo que ainda inacessível aos mais pobres, como foi o caso das primeiras instalações das linhas de telefonia implantadas nas fazendas. Com uma pequena central localizada num posto de trem chamado de Tanquinhos, entre Campinas e Jaguariúna, ela servia como eixo central de telefonia para a comunicação entre os poderosos da época.
Quando o progresso chegava, junto com ele vinha o poder elitizado das classes mais poderosas e ricas da época, e junto também as vaidades políticas que desestimulavam o desenvolvimento de um transporte que se encaixava perfeitamente aos moldes geográficos da região. Hoje restam apenas saudades de um período que fomentou a esperança de um transporte que poderia ter dado certo. Muito diferente da Europa e nos Estados Unidos, lá deu e está dando muito certo. Vale a pena dizer que não nos convém excluir da memória a dinâmica que representou as linhas férreas no Brasil, e muito menos devemos abandonar a ideia de que podemos fazer muito mais para resgatar os momentos gloriosos do século passado. Podemos criar pontos turísticos nessas cidades que foram sedes da companhia mogiana instalando vagões de trens como postos de informações turísticas, ou criar bibliotecas sobre a história do transporte férreo dentro dos vagões, enfim, essas e muitas outras ideias. Mas o importante é não deixar apagar da memória a história de um modal terrestre que representou um momento de extrema importância para o progresso brasileiro; o Trem.

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